QUANTO CUSTA ISSO?

São dados alarmantes. O Relatório Planeta Vivo 2010 produzido, a cada dois anos, pela organização não governamental WWF acaba de revelar que o planeta perdeu 30% de seus recursos naturais

Texto escrito por Carlos José Marques

Tudo nos últimos 40 anos - um processo acelerado num prazo exíguo. A questão vai muito além de um mero tema de debates de estudiosos da natureza, ambientalistas radicais ou amantes do verde. De uma maneira ou de outra, está se falando aqui de dinheiro jogado fora. Em valores imensuráveis! Certamente alguns bilhões de dólares terão agora de serem gastos para substituir essas fontes de subsistência da humanidade. A imensa riqueza, que não se recupera, vai pesar na conta de todos os agentes envolvidos na depredação – dos simples exploradores de madeira às empresas e países que mais contribuíram com a poluição. 

A WWF calculou que, no período em análise, a biodiversidade nos países tropicais teve um impacto ainda maior: cerca de 60% da fauna e da flora originais foram sumariamente dizimadas.  O diretor-geral da ONG, Jim Leape, apontou que esses países, frequentemente pobres, estão mais sujeitos a perdas devido ao atraso na conscientização geral sobre a importância de práticas sustentáveis. É um assunto muito em voga hoje na plataforma dos candidatos mergulhados na campanha presidencial, mas que parece longe de corresponder à realidade dos fatos. O diretor da WWF diz que também no chamado mundo desenvolvido vive-se o que ele classifica como “um falso paraíso, movido a consumo excessivo e altas emissões de carbono”. 

As estatísticas do relatório corroboram a tese: os países mais avançados emitem pelo menos cinco vezes mais carbono que os demais. A condição da biodiversidade é medida pelo Índice Planeta Vivo (IPV), um indicador que engloba a saúde de quase oito mil tipos de seres vivos e 2,5 mil espécies vegetais. 

Até 2005, o IPV de áreas temperadas havia subido 6%, devido a um trabalho de conservação verificado em determinados continentes que provocou menor emissão de poluentes e maior controle de resíduos. Mas os países menos comprometidos com esse trabalho pesaram fortemente para a recaída do quadro. No universo da água doce, 70% das espécies simplesmente desapareceram.

Até quando será possível seguir nessa toada sem um comprometimento irreversível da vida humana na terra